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data-filename="retriever" style="width: 100%;">A mim, já nem impressiona mais o quanto se pode extrair das tertúlias despretensiosas, daquelas conversas aparentemente frugais e estéreis que, em seu princípio, me pareciam interlocução ocasional que, no máximo, serviriam para fazer o tempo passar. Sim, houve períodos desta existência mundana que imaginava úteis ou instrutoras somente as charlas técnicas, de princípio, meio e fim objetivamente determinados para, então, conceber ideias novas ou sedimentar conceitos já sabidamente comprovados como os corretos. Pura ignorância da minha parte, que nunca foi pouca, e que, penso, os anos têm mitigado a propósito de inúmeros aspectos. Agora também neste.

Mais uma vez, percebi, desta feita por ocasião da Feira do Livro, este advento de iniciativa e materialização coletivas, como êxito e valor inestimáveis para a nossa cidade e todos os que sorvem dos benefícios que ela traz, que a conversa fiada tem, para além da prazerosa troca mútua de impressões, o condão de fazer atentar para, na minha opinião, coisas da vida relevantes e de necessária reflexão.

Era, então, tarde ensolarada de sábado e eu na fila a aguardar a minha vez pelo autógrafo de estimado amigo no exemplar do livro que lançava e que eu havia adquirido pouquinho antes. Sim, o fraterno amigo lindeiro aqui de página, comigo costumeiramente aí ao lado a, invariavelmente, com sua sensibilidade artística e talento, contrastar com a irrelevância das minhas opiniões e até a ofuscar o que venho lhes dizer.

Meu conviva do momento, tão amigo quanto o anteriormente indigitado, talvez, nem tenha percebido a riqueza da reflexão que semeou ao questionar o heroico, louvável e atávico esforço de professores, escritores, literatos e toda a gama de amantes da leitura na senda de levar tais hábito e gosto aos que dela não são adeptos.

Disse ele, ou questionou, a razão desta obrigação solitária de, repito, levar o gosto pelo livro e pela leitura, ao passo que o mesmo, sequer em mínima proporção, não é exigido no sentido de quem a desconhece, a ignora, a buscar, a ir atrás dela.

Ora, alguma razão assiste a ele, pensei cá comigo...

Se há tanto tempo se propala e se têm sabido que a leitura, até mesmo a de menor quilate, só faz bem ao indivíduo e à coletividade, o que está dito, redito, gritado e bradado aos quatro cantos do mundo, como não exigir, ao menos um pouquinho, de inciativa, de proatividade de quem dela necessita, mesmo que inconscientemente, se abeberar?

E não se trataria de exigência extraordinária, de tarefa hercúlea, mas mero pendor já exercido com sucesso por excepcionais indivíduos que só fizeram escutar os clamores e acenar em direção à literatura.

Muito pouco do esforço que se normaliza aos olhos da nação no sentido do interesse pelo futebol, televisão, das redes sociais, das mensagens prontas e embaladas em compota e que vem pelo WhatssApp.

Os verbos a serem empregados em prol da leitura edificante precisam ser somados, eis que a responsabilidade pela instrução e, portanto, progresso da nação, é de todos: "levar" mais "buscar". Sucesso, então, garantido.

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